sexta-feira, 22 de junho de 2007

Calderon


CALDERÓN DE LA BARCA


Dramaturgo espanhol. Educado em um colegio jesuita de Madri, estudou nas universidades de Alcalá e Salamanca. Em 1620 abandonou os estudos religiosos e três anos depois ficou conhecido como dramaturgo com sua primeira comedia Amor, honor y poder (Amor, honra e poder). Como todo jovem instruído de sua época, viajou pela Itália e Flandres, e desde 1625, apresentou à corte um extenso repertorio dramático entre os que figuram suas melhores obras. Com esse grande êxito conseguiu um sólido prestígio no Palácio Real, em 1635 escreveu El mayor encanto, el amor (O maior encanto, o amor), para a inauguração do teatro do palácio Buen Retiro. Nomeado cavalheiro da Ordem de Santiago pelo rei, se distinguiu como soldado no sitio de Fuenterrabia (1638) e na guerra da Cataluña (1640). Ordenado sacerdote em 1561, pouco tempo depois foi nomeado capelão de Reyes Nuevos de Toledo (Novos reis de Toledo). Então já era o dramaturgo de mais êxito da corte. Em 1663, o rei o designou capelão de honra, porque se mudou definitivamente para Madri.
Segundo a recordação que ele mesmo fez no ano de sua morte, em sua produção constam cento e dez comédias e oitenta autos sacramentais, entremes (peça teatral de um ato) e outras obras menores. Com toda sua coletânea, Calderón seguiu as pautas dramáticas estabelecidas por Lope de Vega. Mas sua obra, já plenamente barroca, alcançou maior grau de perfeição técnica que Lope.
De estilo mais sóbrio, Calderón põe em jogo um menor número de personagens e os centra em torno do protagonista, de maneira que a obra tenha um centro de gravidade claro, um eixo em torno ao qual giram todos os elementos secundários, o que reforça a intensidade dramática.
A. Valbuena determinou que em seu estilo cabem distinguir dois registros. O primeiro consiste em reordenar e condensar o que em Lope aparece de maneira difusa e caótica e em estilizar as notas de seu realismo costumista. Assim, reelabora temas originais de Lope em vista de suas obras mestres.
Nelas aparecem uma rica galeria de personagens representativos de seu tempo e sua condição social, todos os quais tem em comum um tema do século: a honra, o patrimônio da alma enfrentando a justiça dos homens, caso de El Alcalde de Zalamea, ou Las Pasiones Amorosas que ciegam el alma (As paixões amorosas que cegam a alma), questão que aborda em El mayor monstruo, os ciumes (O maior monstro, os ciúmes) ou em El medico de su honra (O medico de sua honra).
Mas não é esse, desde logo, o principal motivo de sua obra. Em seu segundo registro, o dramaturgo inventa, mais a frente do repertorio cavaleiresco, uma forma poético-simbólica desconhecida antes dele e que configura um teatro essencialmente lírico, cujos personagens se elevam para o simbólico e o espiritual.
Calderón se destaca sobre tudo como criador desses personagens barrocos, intimamente desequilibrados por uma paixão trágica, que aparecem em El mágico prodigioso (O mágico prodígio) ou La devoción de la cruz (A devoção da cruz). Seu personagem mais universal é o desgarrado Sugismundo de La vida es sueño (A vida é sonho), considerada como o auge do teatro Calderoniano. Esta obra, paradigma do gênero de comedias filosóficas, recorre e dramatiza as questões mais transcendentais de sua época: o poder da vontade frente ao destino, a precariedade da existência, considerada como um simples sonho e , no fim, a consoladora idéia de que, incluso em sonhos, se pode ainda fazer o bem.
Como ele adquiriram assim mesmo especial relevância a cenografia – o que ele chamava “maneiras de aparência” e a música. A produção teatral se converteu em um elemento chave na composição de suas obras e o conceito de cena se viu revalorizado de uma maneira geral, na linha do teatro barroco.
Quanto a sua linguagem, pode-se considerar que é o ápice teatral do cultismo. Sua riqueza expressiva e suas complexas metáforas provém de um certo conceptismo intelectual, de acordo com o temperamento meditabundo próprio de suas personagens de ficção.

Obras:
Amor, Honra e Poder (1623)
Casa com Duas Portas, Má É de Guardar (1629)
O Príncipe Constante (1629)
A Dama Duende (1629)
A Vida É Sonho (1631-1635)
O Astrólogo Fingido (1633)
A Devoção da Cruz (1634)
A Ceia do Rei Baltasar (1634)
O Maior Monstro, Os Ciúmes (1635)
O Maior Encanto, O Amor (1635)
Os Dois Amantes do Céu (1636)
O Medico de Sua Honra (1637)
O Segredo Agravou, Secreta Vingança (1637)
O Mágico Prodígio (1637)
Não Há Coisa como Calar (1639)
O Grande Teatro do Mundo (1645)
Guarda-te da Água Mansa (1649)
O Pintor de Sua Desonra (1650)
A Filha do Ar (1653)
O Santo Rei Dom Fernando (1671)
A Filha de Gomes Arias (1672)
A Estátua de Prometeu (1677)

CITAÇÃO:

O que é a vida? Um frenesi;
O que é a vida? Uma ilusão,
Uma sombra, uma ficção,
O maior bem é pequeno;
Que toda a vida é sonho,
E os sonhos, sonhos são.

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